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Ao Mestre Sirley Rossi



Por João Paulo Dornas

*Colaboração Prof. Alex Cabral



Essa semana, na segunda-feira, 18 de julho de 2022, a música da capital mineira perdeu um grande músico e mobilizador cultural junto aos jovens. Nos deixou, aos 58 anos, o querido mestre Sirley Rossi. Ele deixa de herança um legado de introdução musical aos mais novos, uma rica experiência internacional e bela contribuição ao samba mineiro.

Sirley iniciou a sua vida profissional aos quatorze anos, quando recebeu as suas primeiras lições na Escola de Samba Canto da Alvorada, sua escola do coração. Já profissional, foi convidado a trabalhar no grupo Caprichosos do Samba. No decorrer dos anos, passou por vários grupos como Sambeagá e Samba Não Tem Cor, tendo trabalhado com artistas como Serginho Beagá.


Com Serginho, compositor reconhecido nacionalmente, e com o Trio Brasil Pandeiro, aprendeu a arte do malabarismo com pandeiros, assim as portas para o Oriente se abrem para o jovem percussionista. Ele foi parar no Japão, onde estudou a cultura oriental de ritmos na Escola de Música Yamaha Shibuya, em Toquio. Durante esse período, acompanhou artistas japoneses como Lisa Ono, Yoshida San e Sadaw Watanabe. Na terra do sol nascente compôs a banda local das turnês de artistas como Roberto Menescal, Carlos Lira, Wanda Sá, Clara Moreno, Alceu Maia, Leila Pinheiro, Ivan Lins, Astrud Gilberto, Leni Andrade, Belchior, Jair Rodrigues, Bebel Gilberto e Gilberto Gil.


Sua temporada japonesa durou cerca de 20 anos, intercalada com pequenas temporadas no Brasil. Em uma delas ficou quase um ano na Bahia se aperfeiçoando nos ritmos afrobaianos, tocando com Papalo Monteiro, Nagib, Carlinhos Axé, Carlinhos Brown e Luiz Caldas.


E por fim o retorno ao Brasil. “Tava com saudade dos amigos”, dizia Rossi. Sirley nessa temporada dedicou-se a fundação, produção e estruturação da Bateria Show do Mestre Linguinha, uma das mais requisitadas do estado e com trabalho referência de musicalização ao jovem. Sirley ajudou a fundar e estruturar a banda Joãozito e A Parceria, onde tocou incessantemente por 12 anos, e gravou as percussões do 1º CD da turma. Através desse trabalho foi convocado para fazer a banda do Coletivo Balaio de Bambas, composto por sua banda, Oi de Gato, Magnatas do Samba, Tradição, Bruno Cupertino e Pirulito da Vila, em shows memoráveis no Mercado Distrital do Cruzeiro, Serraria Souza Pinto, Teatro Francisco Nunes e Praça da Estação, o último para cerca de 50 mil pessoas.


Nos últimos anos mineiros, Sirley foi requisitado para a banda base em espetáculos com artistas como Monarco da Portela, Toninho Geraes e teve um “revival” com seu padrinho Serginho Beagá. Além disso, gravou vários jingles e músicas de artistas locais, e fez trilhas sonoras para animações da “Turma da Mônica”, de Maurício de Sousa.


Mas Sirley nunca escondeu o seu carinho pelos projetos sociais onde atuou, como "Miguilin", onde oferecia oficinas de percussão a crianças em situação de vulnerabilidade social, e a “Orquestra Percussiva Meninos de Beagá”, na Faculdade Kennedy/Promove, seu último trabalho social até o início da pandemia.


Após adoecer em meio à pandemia, em dezembro de 2020, pior momento da classe musical em décadas, fez bravamente sua recuperação com foco para voltar a tocar. “Eu assistia a banda fazendo live e eu não participando... Ficava doido para estar lá tocando com meus amigos”, contava à turma da Parceria. Mesmo debilitado, ele realizou a sua vontade, fez suas últimas apresentações com a banda Joãozito e A Parceria de novembro de 2021 a maio 2022. Sirley estava escalado para live de lançamento do novo show da banda previsto para o dia 15 de agosto, mas a saúde debilitada e seu breve adeus impediu esse registro de despedida.


Mas a live de junho de 2020 fica como registro visual permanente do nosso mestre tocando em exuberância a sua suingada conga. A live da banda mostra o último registro do Mestre Sirley Rossi em plenitude de técnica e astral, já que estava há meses sem tocar com a turma devido ao isolamento da pandemia. Na ocasião ele celebrava 10 anos com a trupe e foi seu último trabalho registrado antes de descobrir que estava doente.



Vai tocar no céu agora, Mestre Sirley Rossi. Ensinar percussão para os anjos e querubins. Minas perde na sua música e nós perdemos um amigo. Fica só a saudade e o seu imenso legado.


Dedicado ao Célio, incansável irmão; Michael, amado filho; e ao Mestre Linguinha, irmão de música e vida.


Com Gilberto Gil








Com Jair Rodrigues


Capa CD Joãozito e A Parceria


Com Carlos Lira e Roberto Menescal


Com Carlinhos Brown


Com o lendário pianista de jazz Herbie Hancock



Com Joãozito, Mestre Linguinha, Ricardo Barrão e o apresentador Elias Santos na TV Horizontes


Com Joãozito e A Parceria, Balaio de Bambas e Bateria do Mestre Linguinha







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