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Ciclistas querem mais segurança na orla da Pampulha

Foto BH em Ciclo

Placas escondidas pelas árvores, deficiências de sinalização nos trechos compartilhados, estacionamento irregular de veículos e invasão da faixa por motocicletas foram alguns dos problemas apontados por ciclistas na audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário que debateu a questão nesta quinta-feira (19/12). O requerente do encontro, vereador Jorge Santos (PRB), informou que um relatório contendo as demandas e sugestões apresentadas pelos atletas será encaminhado formalmente à BHTrans. Ressaltando a escassez de recursos, o representante da empresa anunciou as intervenções previstas pela Prefeitura para garantir a circulação mais segura dos usuários na orla da Lagoa, que deverão ser iniciadas em janeiro de 2020.

Antes de ouvir os convidados, Jorge Santos exibiu uma reportagem veiculada na página do G1 e uma filmagem realizada por ele próprio no último sábado no local, onde pedala diariamente com um grupo de ciclistas, na qual registrou de perto a situação. Os praticantes da modalidade confirmaram os problemas apontados nos vídeos e reforçaram as palavras do parlamentar, responsabilizando principalmente as deficiências na sinalização das pistas compartilhadas com veículos, que não orienta adequadamente e confunde os motoristas, pondo em risco os demais usuários. O desgaste da pintura das faixas exclusivas e dos pictogramas desenhados no chão e o número reduzido de placas verticais, a maioria escondida pela vegetação, também foram destacados pelos atletas.

Rogério Pacheco, coordenador do grupo Giro 30, e o ciclista e taxista Antônio Carlos Sena, o Carlinhos, defenderam a necessidade e a urgência da revitalização do pavimento e da sinalização, a ampliação dos espaços destinados a ciclistas e pedestres nos trechos de maior circulação, além da realização de ações e campanhas educativas para alertar e conscientizar os motoristas sobre sua presença. Segundo eles, além de proporcionar mais segurança aos usuários das vias, a instalação de sinalização eletrônica antes dos acessos à orla, a distribuição de panfletos e orientação in loco por agentes da BHTrans pode promover uma mudança na cultura vigente na cidade e no país, que privilegia o trânsito de veículos automotores.

Acidentes frequentes

O desconhecimento e a inobservância das regras de circulação por pedestres e praticantes de corrida, usuários recreativos e até mesmo ciclistas que trafegam ou treinam regularmente na orla também foram apontados pelos atletas, que relataram diversos episódios de quedas, atropelamentos e colisões ocorridas nas pistas, que chegaram a causar ferimentos graves nos envolvidos. Segundo eles, quase todo o percurso de 18 km em torno da lagoa tem espaço para a prática do ciclismo; porém, num trecho de cerca de 7 km, o mais movimentado da orla, a ciclovia não é exclusiva e eles precisam compartilhar a pista com motos, carros e caminhões. Nesses locais existem placas de aviso para os motoristas, que muitas vezes não respeitam e invadem o espaço reservado para as bicicletas.

Os ciclistas e o vereador apontaram que as nove placas que indicam o compartilhamento são insuficientes e que deveriam existir pelo menos 20, e que o risco é ainda maior nas rotatórias. Além das dificuldades de visualização, eles consideraram que a seta que indica o compartilhamento é voltada para a direita da pista, induzindo a entrada do motorista no espaço das bicicletas. Rogério Pacheco, que pratica ciclismo há 25 anos, destacou que a faixa compartilhada é especialmente importante para os atletas em treinamento, que desenvolvem maior velocidade e nem sempre conseguem circular de forma segura nas vias exclusivas ocupadas por bicicletas de passeio e patinetes. Quanto aos veículos compartilhados, que muitas vezes são largados em áreas de circulação, eles sugeriram que a responsabilidade de rastreá-los e recolhê-los seja atribuída às empresas.

Para agravar os conflitos, as vias reservadas aos pedestres e as calçadas da orla são inadequadas e irregulares, levando os praticantes de corrida a utilizarem a pista da ciclovia. Os blocos de concreto usados para segregar a ciclovia também foram apontados como causa de acidentes e maior risco para as vítimas em caso de acidente. Pacheco afirmou que o ciclismo acontece desde a década de 50 na orla da Lagoa, que deve ser reconhecida como espaço por excelência para a prática de esportes. A revitalização da pintura e sinalização da área, segundo ele, beneficiaria não só atletas, mas toda a população, já que a Pampulha é um patrimônio de todos e um importante ponto turístico da cidade.

BHTrans expõe projetos para o local

Mauro Luís Oliveira, da BHTrans, salientou que além do grande crescimento do número de usuários nos últimos anos o projeto das ciclovias implantadas em 2013 apresentou muitas falhas, que foram apontadas pelos usuários e reconhecidas pela Prefeitura, que se dispôs a realizar os aprimoramentos necessários. Para isso, atletas e associações de ciclistas foram convocados a analisar os problemas e sugerir alterações e soluções em reuniões realizadas mensalmente, abertas à participação de qualquer interessado. O gestor expôs as dificuldades de implantar algumas das medidas sugeridas, como a maior projeção das placas; segundo ele, o aumento da extensão dos “braços” que as sustentam poderiam causar seu tombamento sobre a via.

Anunciando uma “boa notícia”, Oliveira comunicou a conclusão de um projeto executivo para o local, que inclui a elevação do nível da ciclovia ao nível da calçada num trecho de 7,5 km, o estreitamento da pista destinada aos veículos, cedendo mais 2,5 metros para ciclovias e pistas de caminhada, e a implantação de jardins para separá-las fisicamente, além da implantação de faixas elevadas para travessia de pedestres em pontos de maior movimento. Ele reforçou a o empenho da Prefeitura e a importância de incentivar o uso da bicicleta e a destinação de mais espaços para os pedestres na cidade e anunciou que a execução das intervenções deverá começar já em janeiro de 2020. Ele considerou os altos custos envolvidos na revitalização, mas afirmou que a instalação de mais placas e a pintura de pictogramas serão realizadas na medida em que forem disponibilizados recursos para o setor.

Jorge Santos informou que já tratou da questão com o prefeito e com o presidente da BHTrans após a visita técnica realizada no local, que reconheceram a importância da questão e apoiam a realização das intervenções. Mesmo assim, o relatório da audiência, contendo as demandas e sugestões apresentadas, será encaminhado ao poder público por meio da Comissão. O parlamentar se comprometeu ainda a cobrar e acompanhar as ações prometidas pela Prefeitura em 2020, tão logo sejam retomadas as atividades da Câmara após o recesso de janeiro. O vereador sugeriu ainda que seja analisada a possibilidade da instalação de radares ao longo da orla.

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