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COLUNA: NA GUERRA, O COMANDANTE-MOR SE ESCONDE NOS PALÁCIOS



Por Dr. Wilson Campos


É muito fácil para o comandante-mor, autocrata por natureza e pretenso dono da verdade, escondido nos palácios, virar e dizer para soldados malremunerados, pais de famílias, que se armem e dirijam-se à frente da batalha contra um suposto inimigo que nunca fez mal ao seu país ou aos seus amigos e familiares. A ordem vem de cima, tão seca quanto as batidas do tambor de guerra e sem a razão da cognição humana.


O mandante, portador da síndrome de mandato obsessivo e contínuo, e tomado pela incontrolável sede de poder, não possui a mínima noção de democracia, liberdade e humanidade, mantendo apenas em si e ao seu redor a teoria da supremacia e da salvaguarda de seus egoístas interesses materiais e ideológicos.


Não há na guerra, notadamente naquela liderada por alguém frio e calculista, egocêntrico e narcisista, algo que seja merecedor de perdão ou complacência, embora não existam culpados ou julgados pela tábula rasa da lei internacional. O sujeito mau, tirano e dominador, junta-se aos poucos amigos e vale-se dos omissos, que não demonstram ter as necessárias percepção, memória, raciocínio e solução para os mínimos problemas da manutenção da vida humana, e com isso se transformam em simples e insignificantes marionetes, limitando-se a notórias restrições econômicas.


Ao contrário do soldado, que aceitou servir e defender seu país com seu suor, sua crença e até mesmo doando sua própria vida, o comandante-mor se faz de espectador, e de muito longe contempla as agruras de uma guerra impensada, desnecessária e desigual.


O gigantesco urso avança contra o pequeno gato e sem dó nem piedade mostra ao mundo a força que tem, o poder bélico que controla e a crueldade que lhe pertence.


O comandante-mor, do alto da sua cadeira presidencial, não sabe o real peso de uma arma e dos equipamentos da bagagem de um soldado no campo de batalha, que podem chegar a 40 kg; não diz a verdade para o seu povo, que vive de notícias oficiais manipuladas; não sofre os mesmos golpes da baioneta, dos canhões ou dos protestos mundiais; e não se amedronta diante da fome, da sede ou da perda da moradia, porque se esconde nos monumentais palácios bem fornidos e guardados por tropas especiais.


O soldado vai à guerra e sofre com o panorama da destruição irracional. O comandante-mor se debruça em seus planos de agressão e, de longe, gozando das plenas mordomias de seus palácios, instiga novos ataques e tenta justificar ao mundo a sua vã filosofia de alienar, agregar e reconquistar.


Os países que se dizem civilizados querem intervir, mas temem uma ingerência que provoque uma terceira guerra mundial ou uma guerra sem precedentes nas regiões vizinhas ao conflito. E enquanto os governos debatem com as organizações internacionais uma solução pacífica para uma guerra desproporcional, as mortes de cidadãos inocentes e de soldados comuns crescem e deixam ao mundo uma herança negativa, injustificada e desumana.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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