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Empresas de eventos de pequeno porte pleiteiam protocolo e retorno de atividades

CMBH

02/06/2021


A manutenção da proibição de realização de eventos de pequeno porte diante da flexibilização de diversos setores da economia em BH foi tema da audiência pública da Comissão de Saúde e Saneamento, nesta quarta-feira (2/6). O setor pede a criação de um protocolo específico para retomada das atividades diante da pandemia da covid-19; seus representantes relataram as dificuldades financeiras que vêm enfrentando. Secretários municipais que participaram da reunião apontaram o alto potencial de contaminação desse tipo de atividade e que sua liberação depende de uma série de indicadores e da vacinação da população, mas relataram a existência de um protocolo quase finalizado. Os vereadores Professor Juliano Lopes (PTC) e Léo (PSL), que solicitaram a audiência, cobraram o retorno gradual e responsável e vão continuar em conversa com a Prefeitura em defesa do segmento.

Em BH não podem trabalhar

Os representantes de empresas de eventos de pequeno porte reiteraram o longo período em que estão sem poder trabalhar e reforçaram o pedido de liberação com normas a seguir. A diretora da Haussmann Cerimonial, Aline Haussman, reclamou que seus clientes já não querem remarcar os eventos, e sim cancelá-los, tendência apontada pela presidente da empresa Maria de Cor em Conta e Buffet Monarca Kéfhane Costa. Já o representante da empresa Blessed Produção de Eventos, Warley Sérvulo Lucas, disse estar realizando eventos em municípios vizinhos à Belo Horizonte e lamentou não poder utilizar a mão de obra da capital mineira, se mantendo de forma precária. Bruna Steffany Costa de Andrade, representante do Buffet da Fábrica, pediu à Prefeitura um voto de confiança para o setor.

A reivindicação foi reforçada por Professor Juliano Lopes, segundo o qual o setor está interditado há 440 dias, enquanto cidades ao redor da capital mineira, como Nova Lima, Contagem, Betim e Ribeirão das Neves, realizam esse tipo de evento. Ele afirmou que, como as pessoas de BH estão indo participar desses eventos, a proibição não se justifica. “Se os bares abertos daqui também fazem eventos, estamos tampando o sol com a peneira”, argumentou, pedindo que os secretários municipais presentes levassem essas considerações para o Comitê Enfrentamento à Epidemia de Covid-19.

Léo insistiu para o retorno gradual e responsável das atividades na capital mineira. “Precisamos criar condições para a retomada”, afirmou, acrescentando que as cidades da Região Metropolitana de BH já estão realizando eventos. E contou ter pedido aos vereadores o apoio em relação ao Projeto de Lei 97/202, que irá liberar renúncias fiscais a diversos setores em função da pandemia, em reunião do Colégio de Líderes.

“Não houve por parte da Prefeitura interesse em levar a sério esses problemas. Os empresários estão em situação calamitosa. Espero que a gente tenha boas notícias para que a gente possa sair não do vermelho, mas do preto”, disse Reinaldo Gomes Preto Sacolão (MDB). Ciro Pereira (PTB) também defendeu a necessidade de um protocolo para a realização de pequenos eventos de forma adaptada e responsável. Cláudio do Mundo Novo (PSD), Wilsinho da Tabu (PP) e Braulio Lara (Novo) ratificaram o apoio à causa.

Os vários representantes de empresas de evento ouvidos são contra a realização de eventos clandestinos. Ricardo Dias, representante da Associação Brasileira de eventos Sociais e Corporativos (Abrafesta), disse que já foram criados protocolos para ajudar a retomada de eventos corporativos. Ele explicou que foram realizados eventos-teste com 60 pessoas, com testagem na farmácia ou na hora, a um custo de cinco dólares e rastreamento de convidados por 14 dias. O vice-presidente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH/MG) e diretor da MHB Hotelaria, Pablo Ramos, disse que o setor hoteleiro tem índices baixos de contaminação e que pode contribuir para a realização de eventos seguros.

Abertura possível

O secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão e membro do Comitê de Enfrentamento à Epidemia de Covid-19, André Reis, mencionou que participará de reunião sobre o tema ainda na quarta-feira, assegurando canalizar as demandas para repassá-las para a Prefeitura. Ele explicou que os eventos de pequeno porte têm alto potencial de disseminação do coronavírus devido ao grande número de contatos entre as pessoas que os realizam e as que os frequentam. “A doença é séria e o sistema de saúde é a primeira vítima”, alertou André, explicando que o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) têm concentrado esforços no combate à pandemia, o que faz outras doenças ou cirurgias irem para a urgência, sobrecarregando o Sistema Único de Saúde (SUS). Ele também disse que as decisões dos municípios vizinhos afetam Belo Horizonte, que é a cidade equipada para atender casos de alta complexidade. O secretário afirmou existir um protocolo quase finalizado, faltando apenas a liberação para o funcionamento do setor. “A Prefeitura está querendo fazer a abertura”, disse, considerando o risco de acontecer um posterior fechamento diante de um possível agravamento da pandemia. Mesmo assim, afirmou que a possibilidade “não pode inviabilizar a capacidade de respiro”.

“Todos somos vítimas de uma situação que escapou a todos”, disse o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Cláudio Chaves Beato Filho, explicando que a expectativa inicial da pandemia era de poucos meses. Cláudio relembrou alguns dados do setor de eventos, que envolve mais de 2 mil estabelecimentos e 8 mil microempresários, o que representa uma parcela importante da economia da cidade. Ele disse que a autorização de realização de eventos de pequeno porte depende de uma série de indicadores e também do processo de vacinação da capital mineira. “Não estamos alheios ao problema. Torço para que o retorno das atividades aconteça em breve”. E acrescentou que a Prefeitura vem desenvolvendo programas e projetos para o setor, que não tem capital de segurança como outras empresas.

Professor Juliano Lopes pediu ao secretário de Desenvolvimento Econômico que levasse a indignação de todos a respeito da situação e que “olhasse com carinho a situação das empresas familiares que realizam eventos de pequeno porte, que é terrível”. O vereador agradeceu a todos e reiterou o desejo de que a Prefeitura dê notícias boas sobre as reivindicações feitas. Léo disse se solidarizar com o setor e esperar a retomada das atividades de maneira gradual. “Deixo um abraço de solidariedade para as pessoas do setor, que têm enfrentado de maneira desigual a pandemia e, portanto, merecem ser tratadas de maneira desigual”, disse.



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