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Exposições inéditas celebram os 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha

PBH



No ano em que o Conjunto Moderno da Pampulha celebra suas oito décadas, duas exposições inéditas celebram a data ocupando a Casa do Baile - Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design e o Museu Casa Kubitschek, duas das edificações que compõem essa premiada Paisagem Cultural. “Lugar Imaginado, Lugar Vivido: 80 Anos da Casa do Baile” lança um olhar histórico e projeta futuros para o espaço ícone da cidade, enquanto a exposição “Trama: Processos Educativos na Pampulha”, que ocupa o Museu Casa Kubitschek apresenta seu novo módulo, “Pampulha 80 anos: Múltiplos Olhares”.

A primeira a ser aberta ao público será a exposição “Lugar Imaginado, Lugar Vivido: 80 Anos da Casa do Baile”, com curadoria de Guilherme Wisnik e Marina Frúgoli, que apresenta a história dos 80 anos da Casa do Baile e dos 20 anos do espaço como Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design. A exposição, que será aberta nesta quarta-feira (17), é composta por um núcleo histórico que apresenta, através de um vídeo concebido pelos curadores, por meio de uma profunda pesquisa de registros, a trajetória da Casa. Além disso, um grupo de artistas contemporâneos convidados criou obras que dialogam com a arquitetura do espaço e com a paisagem da Lagoa da Pampulha.

Já o Museu Casa Kubitschek realiza, a partir deste sábado (20), o segundo módulo da exposição “Trama: Processos Educativos na Pampulha”, intitulado “Pampulha 80 anos: Múltiplos Olhares”. A mostra, que também integra a programação da Semana Nacional de Museus, apresenta o resultado do projeto “Bordando Memórias”, que envolve, desde 2017, mais de 100 mulheres, entre elas bordadeiras, pesquisadoras, educadoras e artistas.

As mostras integram a programação do Museus Pampulha, projeto realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Lumiar. Uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura.

Para conceber “Lugar Imaginado, Lugar Vivido: 80 Anos da Casa do Baile”, o projeto curatorial proposto por Guilherme Wisnik e Marina Frúgoli se apropria da trajetória da Casa do Baile, criando um jogo entre tempos passado e futuro, em um movimento simultâneo de olhar para trás e para frente, história e projeção. Segundo Guilherme Wisnik, ao comemorar os 80 anos de uma instituição-edifício-lugar que representa muito na história da cidade, a exposição precisa abarcar suas idas e vindas ao longo do período, desde seus tempos de glamour, declínio, renovação e reconfiguração para se afirmar em um novo contexto.

“A exposição é retrospectiva, no sentido de que conta uma história, mas é também prospectiva, porque deve apontar as linhas que o Centro de Referência de Urbanismo, Arquitetura e Design quer firmar no presente e no futuro, num duplo movimento difícil de fazer”, explica Wisnik.

O trabalho curatorial buscou despertar no público o interesse pelo patrimônio vivo dos cidadãos de Belo Horizonte, mas também por todos aqueles que visitam e têm afeto pela Pampulha, lançando um olhar sobre os usos que o próprio entorno tem, assim como os equipamentos públicos e urbanos ali instalados.

A arquitetura de Niemeyer, sempre tão celebrada, é ponto de partida para a espacialidade da exposição, com a proposta da sala circular para exibição de uma obra audiovisual, uma das principais a integrar a exposição, assim como todo o projeto expográfico. “A forma partiu da própria planta do edifício e rebate essas formas curvas na ocupação interna de maneira a criar uma espacialidade que entre em ressonância com aquele espaço. Ao mesmo tempo, a marquise externa da Casa do Baile tem a forma aérea, com aquelas curvas movimentadas, parece uma arquitetura que dança, construída pelo vento que sopra à beira da lagoa. Toda essa leveza e ideia de movimento foram consideradas no projeto expográfico de maneira a potencializá-lo”, explica Wisnik.

Todos esses conceitos, como a oscilação entre o passado, o presente e o futuro, o diálogo com a própria Casa do Baile e sua história, além da sua vocação atual e as relações com o entorno, nortearam os convites a artistas e coletivos para integrar com seus trabalhos a exposição, conforme explica a curadora Marina Frúgoli.

“Tendo como tema central da exposição a própria Casa do Baile, gostaríamos que a arte pudesse ser o ponto de partida para ativar a percepção da arquitetura, do jardim e da paisagem ao redor, ressignificando espaços, evocando memórias e provocando a imaginação. Buscando as intersecções entre as artes visuais e os campos da arquitetura, urbanismo e design, que são a vocação atual da Casa do Baile enquanto Centro de Referência, foi criado um conjunto de obras que dialoga com a paisagem da Pampulha em sua complexidade, considerando os seres que a habitam, as subjetividades estéticas que a constituem e os imaginários ali depositados”, adianta.

O fotógrafo americano-brasileiro Paul Clemence, e os artistas Laura Belém (MG), Marcus Deusdedit (MG), Isabela Prado (MG) e o coletivo ‘Pintura ao ar livre’, coordenado pela professora Louise Ganz (MG), foram convidados pela curadoria e apresentam seus trabalhos na exposição “Lugar Imaginado, Lugar Vivido: 80 Anos da Casa do Baile”.

A artista Laura Belém criou um letreiro neon que evoca o histórico da Casa quando esta foi um restaurante, dando um novo significado para o uso deste material, mais ligado à poesia do que à linguagem publicitária.

Na área interna, o fotógrafo Paul Clemence apresenta uma cortina que, através de um jogo de transparências, reflete sobre as águas da lagoa e a paisagem modernista enquanto utopia e miragem, propondo novos pontos de vista para a sua contemplação.

“Ainda relacionado à paisagem, o grupo Pintura ao ar livre, coordenado pela artista e professora Louise Ganz, realizou uma série de expedições urbanas no entorno expandido da Lagoa da Pampulha, desde a sua orla, passando pelos córregos afluentes da Bacia do Onça e chegando até a ocupação Dandara, cujo resultado se apresenta nesta exposição, com uma instalação formada por pinturas, desenhos, mapas e textos que criam narrativas sobre o território”, adianta a curadora Marina Frúgoli, revelando como o trabalho de cada artista se relaciona com a proposta curatorial e com o espaço.

Através da música e do design, o artista Marcus Deusdedit promove um encontro estético entre a visualidade iconográfica da Pampulha e da periferia, mesclando os azulejos criados por Paulo Werneck à visualidade do soundsystem automotivo. A obra faz pensar também sobre o baile e os diferentes significados simbólicos que esta palavra teve ao longo dos últimos 80 anos.

A artista Isabela Prado propõe uma experiência gustativa e lúdica ao oferecer aos visitantes um pirulito com a forma da marquise da Casa do Baile, tal como foi desenhada por Niemeyer.

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